Portugal acolhe pela primeira vez bienal Manifesta com edição em Coimbra em 2028

Portugal vai acolher pela primeira vez a bienal nómada europeia Manifesta, numa cocriação com a bienal Anozero, em Coimbra, em 2028, disse esta segunda-feira a organização do evento, que terá um investimento de oito milhões de euros.

A cada dois anos a Manifesta desloca-se para uma cidade europeia distinta, com a organização, sediada na Holanda, a afirmar que em setembro haverá uma cerimónia formal na cidade para assinalar o acordo entre os diferentes parceiros, nomeadamente o Governo, e as três entidades que coorganizam a bienal Anozero — Câmara Municipal de Coimbra, Universidade de Coimbra e Círculo de Artes Plásticas de Coimbra (CAPC).

De acordo com comunicado do Ministério da Cultura, Juventude e Desporto enviado à agência Lusa, o Governo irá assegurar 50% do investimento global previsto de oito milhões de euros para o evento, numa edição colaborativa entre a Anozero e a Manifesta.

Os restantes 50% são da responsabilidade das entidades locais, doadores e patrocinadores da iniciativa, esclareceu.

Citada no comunicado, a ministra Margarida Balseiro Lopes considerou que a decisão “é de enorme relevância porque, ao reconhecer os méritos da proposta de um diálogo transformador entre a arte e a sociedade, atrai para a cidade, para a região e para o país um grande evento cultural”.

Contactado pela Lusa, o diretor do CAPC, Carlos Antunes, realçou que o desafio passa por “fazer de uma forma colaborativa dois projetos tão diferentes na escala, tão diferentes nos propósitos, mas que aqui podem ganhar força por aquilo que um aporta ao outro”, com Anozero e Manifesta a fundirem-se numa edição conjunta.

“Esse é o elemento distintivo e foi isso que a direção da Manifesta valorizou na nossa “bid” [candidatura], que era feita com mais duas cidades europeias. Essa dimensão de juntar David e Golias, numa perspetiva positiva, é aquilo que é o mais interessante”, salientou.

Para Carlos Antunes, esta poderá ser uma edição da Manifesta “mais ligada ao território” e que assegura consequências para lá de 2028, retirando um efeito mais circunstancial que uma bienal nómada poderia ter.

A edição terá como epicentro a cidade, mas irá trabalhar com a região de Coimbra, tendo, por enquanto, dois temas em foco: os incêndios e o património classificado.

No caso do património classificado, haverá um destaque em torno da Rua da Sofia, “parente pobre” do Património Mundial de Coimbra, em que a Manifesta pode ajudar a recuperar “a sua dignidade imensa”, disse Carlos Antunes.

Segundo o diretor do CAPC, a partir da Rua da Sofia, será criado um eixo que vai até ao rio e que se estende até ao Mosteiro de Santa Clara-a-Velha.

Para o presidente da Câmara de Coimbra, José Manuel Silva, é fundamental “um repensar da Rua da Sofia e um reaproveitamento” daquele património, numa altura em que o Sistema de Mobilidade do Mondego já estará em pleno funcionamento e que permitirá alterar a perspetiva em torno daquele espaço.

“Há aqui todo um trabalho conjunto que vai ser feito em termos de urbanismo, mobilidade, cultura e arte, com a Manifesta”, disse, acreditando em sinergias na bienal que poderão mudar a Rua da Sofia.

José Manuel Silva realçou que a Manifesta em Coimbra é mais do que um evento, sendo “um projeto cultural à volta da arte contemporânea, com o envolvimento da sociedade local e com o envolvimento de artistas internacionais, que procura deixar um legado nos locais onde se realiza”.

O projeto vai conferir “a Coimbra e à bienal uma visibilidade e uma penetração internacional extraordinária e extremamente relevante”, realçou, acreditando que a própria Anozero poderá “crescer com a vinda da Manifesta a Coimbra”.

“Isto só foi possível pelo trabalho do Círculo de Artes Plásticas, naturalmente também da Universidade e da Câmara, mas com o apoio determinado do Governo que quero saudar e agradecer”, vincou.

Fonte
Observador
Fotografia
Ho visto nina volare, Wikipedia